domingo, 21 de novembro de 2010

DESPEDIDA


Para se falar de despedida nada melhor que as palavras de Guimarães Rosa “o real da vida da gente se dá, nem no início, nem no final, ela se dá pra gente é no meio da travessia” para exemplificar, explicar aquilo que se aprende com uma partida. A chegada pressupõe a partida e entre uma e outra há o que ele tão bem chama de travessia.
Há sempre o tempo da travessia, ela compreende todo o tempo que se “perde” fazendo a mudança, que pode ser a transição de uma cidade à outra; de um amor a outro, de fases da vida, enfim, quase todas as coisas, efêmeras ou não, são permeadas por travessias e é assim, ao findar da travessia surge a não tão bem quista, despedida.
E partir é o ato mais dolorido na maioria das vezes. Nesse interstício de tempo, um tanto quanto penoso, uma série de reações se desencadeiam naqueles que são os protagonistas, o corpo entende, sabe que uma despedida se avizinha. São lágrimas que se preparam para lavar o rosto e quem sabe a alma de tal dor; nó na garganta pra amarrar o desalento; coração apertado e palpitando para (realmente) reforçar que ainda se vive – depois da despedida, quem saberá?; braços pesados que não querem se erguer; mãos tímidas e plangentes que se negam ao aperto de mãos, o corpo, o cérebro sabe que a ação (especificamente nesse momento) não é mera formalidade ou ato corriqueiro do dia-a-dia que praticamos com naturalidade, é uma despedida. Você ou alguém querido se vai pra outro lugar além-terra, além-céu, além-mar, quem sabe à distância de uma, duas ou até mesmo das três coordenadas geográficas.
                        Nesta hora e nas outras que se seguem, sabe-se lá por quanto tempo, perscrutamos as razões, os motivos pelos quais partimos. Partimos e somos deixados porque é necessário, e muitos porquês se enlaçam nessa trama que se faz difícil – num primeiro momento – compreender, mas a vida, a vida não é feita de facilidades e despedida é quase sinônimo de dor.
                        Shakespeare com certeza provou de tal amargor (e quem nunca se despediu ou partiu?) porque, afirmou: “Toda despedida é dor... tão doce todavia, que eu te diria boa noite até que amanhecesse o dia”, tão bom fossem assim todas as despedidas.

Bj GG!

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