Amores que nunca morrem
Todos os dias quando me arrumo para ir ao trabalho abro as portas do guarda-roupa (duas portas, da perfumaria pra ser exata) e lá ao fundo estão dois portas-retratos um de vidro e outro de madeira, dispostos um ao lado do outro. Os dois, apesar de apesar de possuírem protagonistas diferentes foram originados da mesma nascente. Uma nascente límpida e tranqüila onde todos nós, seres humanos, deleitamo-nos. Eu estou falando daquele amor que segundo Mário Quintana, nunca morre. Inclusive esta frase de Quintana figura num dos porta-retratos e no outro, a máxima “Amigos não passam, permanecem para sempre”.
No 1º porta-retrato, Eliane e Aleksandra e no 2º, Eliane e Elzinha.
Duas amigas diferentes, feitas em distintos ambientes e momentos de minha vida, mas que partilham desse mesmo amor, que não morre, ao contrário, permanece para sempre. Dividimos, nós partilhamos AMIZADE! O comum das fotos é que me foram dadas em momentos de despedidas. Em certo momento da minha vida comecei a fazer as malas e partir, partir para evitar o ficar para sempre. E deu muito certo.
Partir nem sempre é ruim, ruim mesmo é viver no marasmo, no mesmo lugar sendo mero observador das vidas alheais, olhando através da janela “um homem que vai devagar, um cachorro que vai devagar, um burro que vai devagar...”. Ver a vida a passar sem protagonizar a sua própria. Eu parti e fez-me muito bem. Primeira despedida, primeiro porta-retrato, segunda despedida, segundo porta-retrato. Não são apenas porta-retratos, a presença deles indica que pessoas me CATIVARAM e depois disso nossas vidas ficaram como que cheias de sol. Muito mais que isso, todos os dias quando estou diante deles me cochicham que em algum lugar - sob o sol ou sob a lua - a milhas e milhas de distância essas pessoas se lembram de mim, semelhante ao que ocorreu com a raposa e o Pequeno Príncipe: "A raposa disse:
_Vês, lá longe, os campos de trigo? Eu não como pão. O trigo para mim é inútil. Os campos de trigo não me lembram coisa alguma. E isso é triste! Mas tu tens cabelos cor de ouro. Então será maravilhoso quando me tiveres cativado. O trigo, que é dourado, fará lembrar-me de ti. E eu amarei o barulho do vento no trigo..."
Quando se parte, apenas deixamos de estar presentes fisicamente, porque a amizade verdadeira se propaga a longas distâncias, afinal, facebook e as milhares de operadoras de telefonia estão ai para cooperarem com esses amores eternos.
Vinícius em seu escrito intitulado “Pra se viver um grande amor” traz uma série de conselhos, todos eles, orientações para que se possa - efetivamente - viver um grande amor, a amizade não, não é necessário quase nada, a não ser um coração aberto e disposto a amparar/acolher/entender alguém - que nunca será igual a você - e levá-lo para todo o sempre consigo, aonde quer que você vá. Meu coração, que se apega fácim, fácim, bobo, meigo e chorão está repleto desses amores.
Que me perdoem todos os meu outros amores - e não são poucos - por eu não ter igualmente suas (nossas fotos) em porta-retratos expostos em meu guarda-roupa, mas penso também que não há porta-retrato melhor que o da alma para se ter esses amores que nunca morrem...
Bjo eterno,
Lyu Letras